Sabendo que somos naturalmente inclinados a amar este mundo presente, Deus emprega meios mais apropriados para evitar que nos apeguemos excessivamente a ele. Nossa mente é tão deslumbrada pelo vão esplendor das riquezas, poder e honra, que ela não pode olhar além deles; e nossos corações estão tão carregados pela avareza, ambição e concupiscência que nossas afeições não podem elevar-se a coisas mais sublimes. Para corrigir este mal o Senhor nos dá prova constante da vaidade desta vida por meio das aflições e angústias que nos sobrevêm. A fim de que não asseguremos de uma paz profunda e duradoura, frequentemente Ele permite que sejamos perturbados por guerras, comoções, assaltos e danos de vários tipos. Para não sejamos por demais ávidos na corrida atrás de riquezas vãs e fugazes, Deus nos reduz à pobreza ou nos impede de amontoar riqueza excessiva mediante vários desastres. E obtemos verdadeiro proveito da disciplina da cruz quando ficamos sabendo que a verdadeira felicidade não se pode achar nesta vida; que todas as suas coisas boas são incertas, fugazes e vãs; e que devemos erguer nossos olhos ao céu se é que queremos conseguir uma coroa de glória. Realmente, nunca possuiremos um desejo sério pela vida do porvir, até que tenhamos aprendido a avaliar corretamente a vida que agora temos. (João Calvino)
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