quinta-feira, 30 de junho de 2016

Colossenses 1.3-12[1]



[1] Estudo Bíblico baseado especialmente em: HENDRIKSEN, William. Comentário do NT – 1 e 2 Tessalonissences, Colossences e Filemon. São Paulo: Cultura Cristã, 2007

AÇÃO DE GRAÇAS E ORAÇÃO


Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós,  4 desde que ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os santos;  5 por causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho,  6 que chegou até vós; como também, em todo o mundo, está produzindo fruto e crescendo, tal acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes e entendestes a graça de Deus na verdade;  7 segundo fostes instruídos por Epafras, nosso amado conservo e, quanto a vós outros, fiel ministro de Cristo,  8 o qual também nos relatou do vosso amor no Espírito.  9 Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual;  10 a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus;  11 sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria,  12 dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz.

O apóstolo Paulo era um homem de comunhão profunda com Deus, ele uma pessoa homem possa evidenciar vem do próprio Deus. Essa é a razão de lermos no verso 3 o apóstolo Paulo dizendo: “Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós”.

Apesar de muitas vezes focarmos as nossas orações em pedidos, pedidos e mais pedidos, todos sabemos que não podemos negligenciar em nossas orações a gratidão a Deus, isso seria uma loucura da nossa parte visto que Deus abomina a ingratidão. Falando sobre a oração e a gratidão, Guy Apperé foi muito perspicaz em seu livro Mistério de Cristo, pois afirmou que: “Não pode haver oração sem ações de graças nem ações de graças sem oração.” O apóstolo Paulo não era um homem ingrato, por isso ao orar pelos irmãos de Colossos ele sempre agradecia a Deus “Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”[1]. Ao dizer que Deus era Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o apóstolo estava apontando para o fato de Jesus ser da mesma natureza de Deus. Cristo não era uma imitação ou uma emanação de Deus! Ele é o eterno filho de Deus, da mesma natureza que o Pai.

Geralmente se diz que Deus é o pai de todos os homens, pois como criador de todos os homens em certo sentido é também pai de todos, contudo há um sentido especial em que Deus é Pai. Esse sentido é encontrado no fato de que a Bíblia diz que todos quantos receberam a Jesus como seu Senhor e Salvador, Deus os deu o poder de serem feitos filhos de Deus. Contudo, nós que temos Cristo como nosso Senhor e Salvador somos filhos adotados de Deus pela sua graça, enquanto Cristo é Filho no sentido mais especial do termo, ele é o eterno Filho de Deus.

É digno de nota também que Paulo fala de Cristo qualificando-o como “Senhor”. Ao pesquisarmos o termo “senhor” descobrimos que ele é usado como uma forma cortês de trato (Mt 17.14), mas também foi usado num sentido mais especial, isto é, no sentido de Messias exaltado. Usada neste sentido a palavra era correspondente a YHWH no Antigo Testamento (Mc. 12.36). Hermisten Maia Pereira da Costa ressaltou baseado em Ap 1.5,8 que Jesus Cristo é o Senhor Todo-Poderoso; baseado em 1Pe 2.3 é o Senhor bondoso;  baseado em 2 Tm 1.15-18 É o Senhor misericordioso e baseado em 2 Tm 4.8 é o Senhor que julga retamente.[2]


Paulo não conhecia os Colossenses pessoalmente, foi Epafras o plantador da igreja de Colossos que trouxe notícias da igreja a Paulo, por isso ele disse desde que ouvimos”. O que Paulo ouviu de Epafras sobre os irmãos de Colossos que o fazia dar graças a Deus sempre que orava? 
A resposta para esta pergunta é encontrada ao seguirmos a leitura, pois o verso 4 diz: desde que ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os santos”.

A graça de Deus foi dispensada sobre os irmãos Colossenses e isso despertou a fé deles em
Cristo. A fé que é promovida pelo Espírito Santo, que é o elemento central para ser salvo, que é fundamental para se agradar a Deus e que deve ser evidenciada aos que estão ao nosso redor através das nossas obras era a fé que Epafras viu no seio da igreja de Colossos e relatou a Paulo. Mas, não foi apenas a fé que Epafras viu, ele viu que os irmãos daquela igreja tinha também amor para com todos os santos. Todos se amavam, pois o amor é fruto da fé, é uma ordenança Divina e é também a base para todos os mandamentos. Epafras viu o amor que havia no meio dos irmãos colossenses e relatou a Paulo, bem como a esperança que eles tinham preservada nos céus conforme vemos no verso 5. Certamente, os cristãos devem ter esperança, não uma esperança baseada em coisas terrenas, mas aquela fundamentada naquilo que Jesus já conquistou para nós.

Jesus morreu em nosso lugar, mas a morte não o venceu, pois ao terceiro dia ele quebrou os grilhões da morte e ressurgiu dentre os mortos, e ascendeu aos céus para onde também iremos um dia. Esta é a nossa esperança! Ela não se limita apenas a esta vida, pois se fosse assim, segundo o apóstolo Paulo nós seriamos os mais infelizes de todos os homens (1Co 15.19). A Palavra de Deus nos dá a certeza de que um dia todos os que se rederam a Jesus, isto é, todos os salvos estarão eternamente com ele no céu. Cristo mesmo nos disse em João 14:1-3  “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.”  Esta é a esperança que os irmãos colossenses demonstravam ter, porque de acordo com o verso 5 eles a tinham ouvido pela palavra da verdade do evangelho”. Epafras pregou o evangelho puro e verdadeiro aos irmãos de Colossos. Ele não o misturou com as suas ideias pessoais, nem o maculou com o paganismo, nem ainda tentou adaptá-lo ao cerimonialismo judaico como alguns falsos mestres estavam fazendo. Ao usar a expressão “palavra da verdade”, o apostolo Paulo assevera que Epafras pregou a genuína doutrina dos apóstolos aos Colossenses. Entretanto, a doutrina apostólica, ou seja, o evangelho da verdade não havia chegado apenas em Colossos, ele havia chegado “em todo o mundo”[3]. Ele estava crescendo e produzindo frutos como uma arvore saudável.

É importante observar que há nas palavras do apóstolo Paulo uma alusão o envolvimento que estava havendo com a grande comissão. Cristo ordenou que o evangelho fosse pregado a toda criatura e Paulo nos informa que o evangelho havia chegado em todo o “mundo”. Além disso, não podemos deixar de notar que o evangelho de Cristo não é exclusivo para alguns povos ou regiões geográficas! Falando sobre este assunto MacArthur afirmou que: “O evangelho nunca foi intencionado para um grupo exclusivo de pessoas; trata-se de boas-novas para todo o mundo. O evangelho transcende todos os limites étnicos, geográficos, cultuais e políticos.”


No verso 7 Paulo qualificou o plantador da igreja de Colossos dizendo que ele eraamado conservo” e “fiel ministro de Cristo”. Ao usar estes qualificativos para Epafras, entendemos que Paulo esta reconhecendo o trabalho frutífero realizado por Epafras ao mesmo tempo em que declara o seu amor fraterno por este servo de Deus, mas apenas isso, ele também esta chancelando a pregação de Epafras, já que diz que ele era fiel.

O verso 9 nos informa que Paulo não cessava de orar a Deus em favor da vida dos irmãos colossenses. E a sua oração não era focada na busca de bens materiais ou de curas físicas para os colossenses, ele pedia a Deus que concedesse aos irmãos que conhecimento Dele. Um conhecimento diferente daquele que os falsos mestres estavam pregando. O conhecimento que Paulo pedia a Deus pelos colossenses era um conhecimento puro e simples que vinha direto do Próprio Deus. Paulo pedia a Deus para que os irmãos transbordassem do conhecimento que leva o homem à humildade, ao serviço e à comunhão com Deus, em suma, um conhecimento que verdadeiramente edifica.

Um segundo motivo porque Paulo orava a Deus era para que os irmãos da igreja de Colossos vivessem de “modo digno do Senhor”, isto é, agradando a Deus, trabalhando para Deus e cada vez mais se dedicando a Deus, pois assim eles seriam fortalecidos no poder de Deus e capacitados a viverem em Perseverança, Longanimidade e alegria, dando graças ao Pai” que os havia feito “idôneos” a fim de que recebessem a “herança dos santos na luz”. Uma vez que Deus é que nos fez dignos por meio de Cristo Jesus para recebermos a herança celestial, somos despojados de toda autossuficiência e conduzidos a gratidão eterna.

CONCLUSÃO
O estudo de Colossenses 1.3-12 nos conduz a entendermos a necessidade de vivermos de modo digno do Senhor, demonstrando a fé que temos em Cristo através das nossas ações. Vivendo com amor intenso uns para com os outros e nunca nos esquecendo de que a nossa esperança esta preservada no céu onde um dia iremos morar eternamente. Aprendemos também que o evangelho da verdade não foi e não deve ficar limitado apenas a um povo, mas deve ser pregado a todos os homens sem considerarmos a sua raça ou posição geográfica. Por fim aprendemos que ser fortalecidos por Deus para que tenhamos perseverança, longanimidade, alegria e gratidão a Deus que nos fez idôneos para herança celestial.



[1] Pai nosso (Hermisten Maia Pereira da Costa) O que dificulta nossa compreensão é o fato de entendermos sempre a filiação e a paternidade como tendo um princípio; mas quando falamos da eternidade do Filho, queremos dizer também de sua eternidade como Filho, a relação filial entre o Deus Filho e o Deus Pai sempre foi e sempre será assim não foi forjada, criada ou assumida. Não houve na eternidade nenhum “momento” em que o Filho não fosse Filho, o Pai não fosse pai e o Espirito não fosse Espírito. Jesus e o Pai são: Igual em eternidade Jo 1.1; Igual em Honra e glória Jo 17.1; Igual em poder criador e redentor Jo 1.3, 5.21; Igual em domínio Jo.16.15; Igual em em perfeição Hb 7.28; Igual em auto-existencia Jo. 5.26

[2] Pai nosso (Hermisten Maia Pereira da Costa)

[3] Pai nosso (Hermisten Maia Pereira da Costa) “...quando o apóstolo estava em Roma, as boas –novas de Cristo já estavam sendo anunciadas em todos os lugares do Império Romano. Paulo usa uma hipérbole para apontar para o mundo conhecido da sua época”

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