terça-feira, 26 de agosto de 2025

É sempre errado agir contra a própria consciência.

 

Alguns pecados são objetivos, outros subjetivos. Digamos que um ato seja objetivamente pecaminoso se  perturbar o Shalom e tornar culpado o seu agente. Por outro lado, um ato é subjetivamente pecado se seu agente pensa que esse ato é objetivamente pecado (seja ele ou não) e propositadamente (ou de outra dolosa) o pratica mesmo assim. Dessa forma, mesmo que beber vinho não seja objetivamente pecado, para um abstêmio por motivo de consciência seria errado fazê-lo. Ainda que oferecer-se como voluntário à infantaria em tempo de guerra não seja objetivamente pecaminoso, seria errado, para um pacifista, ser voluntário. A razão, em ambos os casos, é que, desrespeitando a liberdade da própria consciência, a pessoa quebra seu trato com Deus. Fazendo aquilo que julga errado, a pessoa faz aquilo que pensa que ofende a Deus, e a disposição de ofender a Deus é por si mesmo ofensiva. Sobretudo, agir contra a própria consciência embrutece-a e a insensibiliza; na verdade, o abuso repetido contra a própria consciência acaba por matá-la. O pecado subjetivo, portanto, faz com que a pessoa corra o risco do suicídio moral.

Arriscar-se ou realmente cometer suicídio moral é objetivamente pecaminoso. Dessa forma, todo pecador subjetivo é também pecador objetivo - pessoa que, por assim dizer, atira em sua própria consciência. Fazer essa distinção requer um compromisso com um tipo limitado de subjetivismo moral: alguns atos são genuinamente (mesmo se não objetivamente) errados para uma pessoa, mas não para outra, sendo errado por causa do que a pessoa pensa deles. Fazer essa distinção requer também um compromisso com um tipo limitado de absolutismo moral: é sempre errado agir contra a própria consciência. (Cornelius Plantinga Jr)

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