O estado do primeiro homem não deve ser exageradamente glorificado como às vezes se faz na doutrina cristã e na pregação. Apesar do homem ter sido colocado por Deus em um lugar de destaque, ele ainda não tinha alcançado o nível mais alto possível. Ele era capaz de não pecar, mas não era incapaz de pecar. Ele ainda não possuía a vida eterna que não pode ser corrompida e não pode morrer, mas recebeu uma imortalidade preliminar cuja existência e duração dependiam do cumprimento de uma condição. Ele foi imediatamente criado à imagem de Deus, mas ele ainda podia perder essa imagem e toda a glória nela contida. Ele viveu no paraíso, é verdade, mas o paraíso não era o céu. Uma coisa estava faltando em todas as riquezas, tanto espirituais quanto físicas, que Adão possui certeza absoluta. Se nós não possuímos certeza absoluta nosso descanso e nosso prazer não são perfeitos. De fato, o mundo contemporâneo com seus muitos esforços para segurar tudo o que o homem possui é uma satisfatória evidência dessa verdade. Os crentes estão seguros nesta vida e na próxima, pois Cristo é quem os guarda e não permitirá que eles sejam arrebatados de sua mão (Jo 10.28). O verdadeiro amor lança fora o medo (1Jo 4.18) e nos persuade de que nada nos separará do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor (Rm 8.38-39). Mas essa certeza absoluta estava ausente no paraíso. Adão não estava, apesar de sua criação à imagem de Deus, permanentemente estabilizado no bem. Independente de quanto ele possuía, ele podia perder tudo, não somente ele mesmo, mas também sua posteridade. Sua origem era divina; sua natureza estava relacionada À natureza divina; seu destino era a eterna bem-aventurança na presença imediata de Deus. Mas para alcançar seu destino ele foi feito dependente de sua própria escolha e de sua própria vontade. (Hermann Bavinck)
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