sexta-feira, 25 de maio de 2018

Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos

Um bom motivo para concordar com este texto:  
Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós, a ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre! Amém!   
Efésios 3:20,21

Em 14 de junho de 2017 tive um dia inesquecível. Conforme publicado na minha página do facebook, experimentei a alegria do nascimento de meu sobrinho-neto dinamarquês e a angustia da descoberta de um quadro de trombose na perna direita, já lesionada pelo rompimento do tendão de aquiles na junção musculo-tendíne, por conta de querer jogar basquete como garotinho.

Foi um dia de oscilação de emoções. Mas não foi inesquecível pela oscilação, mas por experimentar o cuidado e providencia de Deus nos momentos difíceis e angustiantes. Providência manifesta em conseguir atendimento em uma especialista vascular sem marcar consulta no mesmo dia, através da dedicação de um amigo de trabalho. Providência em receber ligações de outros colegas manifestando apoio, solidariedade e preocupação.  Providência no apoio de familiares que nos socorreram de diversas formas.

Mas após este dia, descobri que minha lesão no tendão me traria dificuldades maiores além do que ela mesma já tinha o poder de infrigir. Não bastasse o uso da bota imobilizadora, seria necessário passar os próximo 30 dias absolutamente deitado com a perna para cima e ganhando um companheiro que não me abandonaria nos próximos meses, o anti-coagulante. Difícil para alguém acostumado com a autonomia de ir e vir e com uma rotina cheia, aceitar o ficar deitado por um tempo longo. Lembrei-me das palavras do Apóstolo Paulo, escritas na carta aos Romanos 8:28 : “Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito.” Mesmo angustiado pela notícia de algo tão sério (trombose), lembrando do ocorrido com grande amigo em tempos atrás,  me confortei na certeza de que Deus não nos desampararia (a mim e minha família).

Repouso forçado vivido com resiliência e ânimo graças a recursos e pessoas que Deus dispensou para que vivêssemos este tempo da melhor forma possível. Família dedicada a não me deixar faltar nada, especialmente a esposa e os filhos. Família da Fé que clamou aos céus por minha recuperação e trouxe uma alegria ao recebê-los para um bate papo. Familiares, que há tempos não via,  enfrentaram longas distâncias para me ver. Amigos de trabalho que dedicaram tempo e interesse de saber sobre meu estado, oferecer ajuda, ligar para consultar sobre assuntos que dominam amplamente somente para me fazer sentir relevante e também dedicar suas orações a Deus em meu favor. Não citarei nomes. Não quero produzir injustiças do esquecimento de pessoas queridas e também não quero expô-las publicamente sem o devido consentimento. Mas todos os queridos realizadores das ações aqui narradas certamente se identificarão e acredito que compreenderão que o foco aqui não é gratidão a eles, mas a Deus que manifestou sua providência e cuidado sobre minha vida através deles.

Lentamente as coisas foram voltando aos eixos. Sair do repouso com 30 dias. Retorno ao trabalho mesmo com muletas, contando com a bondade e gentileza de todos que contribuíram com algum tipo de ajuda para que pudesse me deslocar com o menor esforço e nada me faltasse.  Gesso retirado com 45 dias. Saem as muletas, entra a bengala. Fisioterapia e pequenas caminhadas. Deus continuava agindo provendo todos os recursos e gentileza de vários queridos envolvidos neste processo lento de recuperação.

A cada passo do tratamento me sentia mais animado. Exames confirmavam o progresso na recuperação tendão e a recanalização de uma das veias. Isto me deixou muito animado. Mas, ao final de outubro veio algo que não passava por meu radar. As coisas iam tão bem que só conseguia visualizar o horizonte em céu de brigadeiro. Não parecia ter lugar para nuvens. Ao fazer um exame de ultrassom para verificar as condições do tendão após o processo de fisioterapia pedi ao radiologista que examinasse as veias. Parecia ter certeza de a segunda veia estava recanalizada. O resultado me jogou no chão. O ortopedista suspendeu o tratamento e não me deixou passar a segunda fase sem o aval da vascular. A vascular não trazia bons prognósticos. Já havia passado longo tempo da lesão. Em casos semelhantes é normal o a recanalização e eliminação da trombose em até 6 meses. Fui recomendado continuar com o anti-coagulante por um prazo de até um ano da detecção da trombose. Sabe aquelas coisas que você topa fazer por desencargo de consciência mas que no fundo a sensação é de que terá um resultado pífio? Fiquei desanimado, mas pedi a Deus apenas uma coisa: “Senhor, se não for possível recanalizar esta veia, me ensine a viver com isto ! Me conceda a melhor vida possível assim”

Liberado para a segunda fase do tratamento, a musculação, inicie o processo com meus companheiros de tratamento, o anti-coagulante e a meia compressiva. Dores ainda me acompanhavam no calcanhar, fruto da falta de irrigação sanguínea nos músculos. Temia por estar perdendo tempo, algo que odeio. Mas segui. Aos poucos senti melhora nas dores. Minha passada de caminhar foi perdendo a mancada. O peso diminuiu, as roupas mais justas entraram melhor na no corpo mais esguio.   Internamente me convencia que o prognóstico do ortopedista estava se cumprindo: “o corpo vai encontrar outro caminho para irrigar seus músculos e tendões”. Pensava comigo, Deus está realizando o que pedi.

Ao final de maio o vascular já havia pedido uma consulta para acompanhamento. Pediu novo ultrassom. Vamos nós novamente. No íntimo a curiosidade era para saber confirmar como Deus tinha direcionado caminhos alterativos para o sangue chegar calcanhar cada dia menos dolorido. Ao final do exame quase fui as lágrimas. Sem perguntar nada ao radiologista, ele menciona que não há mais trombose. Todas as veias estão recanalizadas. Não pude esconder minha cara de espanto. Enquanto me arrumava para ir embora orei ao Senhor. Sai do instituto de radiologia radiante. Olhos lacrimejados. Passos largos apressados com uma sensação de leveza indizível. Cheguei ao carro. Não pude conter a ansiedade de ligar para minha esposa. Tratei de outros assuntos, mas Luciane sabe quando minha voz está diferente. Ficou tão aliviada quanto eu. Pedi que não contasse a ninguém porque queria aguardar um posicionamento da vascular.

Neste momento não podia deixar de pensar no texto que abre esta declaração de gratidão a Deus: “Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós, a ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre! Amém!” Ef 3:20,21. Como é bom experimentar esta verdade. Não esperava mais que minha veia fosse recanalizada, mas tinha a convicção que Deus me daria condições de viver da melhor forma possível com esta limitação. De fato, Deus nos surpreende. Não merecia nada do que ele fez por mim até hoje, não apenas nestes eventos aqui narrados, mas em toda a minha vida. Este acontecimento realça apenas mais uma grande ação do Deus da minha Fé.

Tenho ainda grandes desafios com minha recuperação. Continuarei ainda frequentando a academia. Uma perna ainda é muito mais fina que a outra. Mas agora me acompanha apenas a meia de compressão, uma prevenção necessária para a vida toda de vitimas de trombose de membros inferiores. O anti-coagulante e seu alarme no celular não são mais necessários.  Mas agora corro meus 15 minutos de esteira com muito menos preocupação de estar levando meu corpo há um limite perigoso. Deus está me concedendo uma nova fase da vida, que não esperava estar.

O legado que fica de todos estes fatos é uma profunda gratidão a Deus. No momento em que vivia cada decepção não poderia contemplar as grandes coisas que Deus fez por mim neste período.

O conselho que posso deixar para os queridos que se dedicaram a ler estas linhas até este ponto é: Não deixe que a decepção de uma frustração de expectativa lhe faça esquecer que Deus é capaz de fazer infinitamente mais do que pedimos ou pensamos, mesmo que não seja no tempo e forma que acreditamos ser o melhor para nós. 
Presb. Wilson Souza Junior

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