Geralmente
não refletimos sobre vida com a atenção e profundidade que deveríamos. Talvez,
o mais longe que vamos neste exercício seja realizado num momento fúnebre, onde
não temos escolha, somos forçados pela realidade exposta diante de nós, a
lembrar que a vida é breve. Contudo, mesmo em momentos assim tendemos a ser
superficiais! O que quero dizer é que tendemos a refletir, quase que sem
exceções, sobre os últimos passos de caminhada daquele inerte diante de nós.
Como
ele estava nas últimas semanas? Eu me lembro das últimas coisas que ele fez
hoje de manhã! Quais foram às últimas frases dele? Em nosso último encontro eu
percebi que ele estava meio triste! Estes assuntos são os que, que via de regra,
dirige as conversas em um velório ou no seio familiar onde a notícia fatal é
pronunciada.
Porque
nós esquecemos, ou preferimos não ressaltar outros passos da caminhada?
Lembremo-nos de que tais passos podem ter sido
determinantes a cerca de como os últimos se deram. Porque então insistimos em
deixar de comentar que toda caminhada começa com uma ideia e que cada ideia
surge em um momento e é profundamente influenciada por um sentimento?
Pessoalmente,
imagino que a nossa fuga em pensar sobre os passos que antecedem o último na
caminhada de um ser, é um meio falso de nos protegermos, pois uma vez que
começarmos a pensar num campo mais amplo de uma vida, corremos o risco de
automaticamente fazer o mesmo conosco!
Em
2016 fomos informados de que um pastor presbiteriano tirou a sua própria vida,
este ano tomamos conhecimento de que outro ministro assembleiano tomou a mesma
decisão! Tais fatos apontam para uma realidade pouco comentada, refiro-me ao
fato de que os pastores precisam de ajuda tais como qualquer outro membro do
corpo de Cristo!
·
Pastores também são pecadores.
·
Pastores também têm problemas pessoais.
·
Pastores também têm expectativas que não se
tornaram, nem se tornarão realidade.
·
Pastores também têm dúvidas.
·
Pastores também se cansam.
·
Pastores também se irritam.
·
Pastores também sentem necessidade de se entreter.
O
ministério pastoral é maravilhoso, mas também pode ser extenuante! Se analisarmos
os passos que desembocaram em um suicídio de um pastor, provavelmente chegaremos
a um quadro parecido com o que tentamos descrever abaixo:
1. A igreja de modo geral espera que o pastor se
mostre perfeito na caminhada.
·
Ele deve ser
visitador, mas não deve incomodar os membros.
·
Ele deve ser um
excelente pregador!
·
Ele deve ser um exímio
professor!
·
Ele deve assistir
diretamente todas as pessoas da igreja.
·
Ele deve estar
presente em todas as reuniões.
·
Ele deve sorrir
sempre!
2. O pastor acaba
acreditando em sua caminhada que de fato é um homem perfeito.
·
O pastor deseja suprir
a expectativa da igreja.
·
O pastor faz da
expectativa da igreja o seu plano de vida.
3. A igreja descobre
durante a caminhada que o pastor não é perfeito.
·
Geralmente quando isso
acontece, a honra que deveria ser conferida ao pastor é esquecida.
·
As críticas cruéis
surgem.
·
As oposições tornam-se
pessoais e desrespeitosas.
·
A pressão sobre o
ministro triplica.
·
Os dízimos são
negligenciados.
·
O pastor é trocado por
outro.
4. O pastor descobre
durante a caminhada, que de fato não conseguirá atender as expectativas da
igreja.
·
A tristeza toma conta
do coração.
·
O ativismo assume a
prioridade.
·
A família é
negligenciada.
·
A carência por
aprovação torna-se insana.
·
A frustração é
inevitável
5. O pastor não pede
ajuda na caminhada.
·
Ele teme que os outros
o considere um pastor fraco.
·
Ele não quer que sua
esposa se sinta mais pressionada do que já se sente.
·
Ele não encontra à sua
volta, nem em sua memória um amigo em que possa confiar, talvez até porque em
sua busca por ser perfeito na caminhada não conseguiu sedimentar uma amizade
verdadeira.
6. O pastor desiste
de caminhar
·
A exaustão não o deixa
pensar com sobriedade.
·
A tristeza não o deixa
se lembrar do quanto ele é querido por Deus.
·
A pressão não o deixa
se lembrar do quanto ele é querido por sua família.
·
A frustração o faz
esquecer-se da companhia e do consolo do Espírito Santo.
·
As criticas o impedem
de descansar no amor incondicional de Deus.
·
O pastor resolve dar o
último passo por conta própria.
Diante
do exposto, convido às igrejas a olharem para seus pastores como irmãos que
precisam de ajuda tais como todos os demais membros do corpo de Cristo. Ame os
seus pastores, cuide deles, porque eles se esforçam ao máximo para na
dependência de Deus e sob a orientação do Espírito, cuidar de vocês.
Aos
pastores, peço encarecidamente que não caiam no erro de fazerem da expectativa
da igreja o plano de suas vidas. Esforcem para cuidar do rebanho de Deus, mas
não pensem que as vitórias deste rebanho dependem de você ou que todas as
derrotas dele é culpa sua. Parem e pensem nos passos em que estão dando durante
a caminhada pastoral. Peçam ajuda quando precisarem, pois todos sabemos que não
podemos caminhar sozinhos!
Rev Alencar Torres da Silva
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