(Devocional Pão Diário)
Obviamente ele não imaginava que aquele ato, de
alguma maneira, seria a causa da formação da espiritualidade ocidental.
Contudo, Lutero não foi o primeiro a levantar a bandeira da necessidade de
reformar a igreja. Precursores como John Wycliffe, na Inglaterra, e John Huss,
conhecido como o reformador da Boemia, pagaram
preço de perseguição e martírio (no caso de Huss) por se insurgir em
prol da sã doutrina. Na realidade, embora as teses de Lutero tenham sido um marco
inicial para a restauração da sã doutrina bíblica, muito ainda deveria ser
feito.
Nos anos seguintes à Reforma Protestante na
Alemanha, esse movimento foi se espalhando pela Europa e ganhando novos
contornos. Na Suíça, Ulrico Zuínglio escreveu os 67 Artigos em que defendia a
salvação pela graça, a autoridade da Bíblia e o sacerdócio dos fiéis, entre
outros princípios. Esse movimento foi o gerador das igreja reformadas.
O francês João Calvino converteu-se em 1533 e
tornou-se alvo de perseguição. E, 1536, publicou as Institutas (sua obra literária mais conhecida) em Basileia. Esta
obra é considerada referência para o sistema de doutrinas adotado pelas igrejas
reformadas. Também é fundamento sobre o qual encontra-se o Calvinismo (...) O
movimento reformista formulou, a partir dos textos bíblicos, alguns
pontos-chaves, que seriam norteadores da fé. Vejamos a profunda simplicidade
dessa proposta.
A
salvação pela (EÉSIOS
2.8)
A prática da venda das indulgências (perdão de penas
temporais pelos pecados) e a compra da salvação em troca de esmolas havia se
tornado algo comum. A Reforma Protestante vem, então, afirmar que tudo isso é
desnecessário e que a salvação não pode ser comprada, mas procede da graça de
Deus para com o pecador que se volta para a cruz de Jesus. É somente na graça
que emana do sacrifício de Cristo que o homem pode alcançar salvação.
A
justificação mediante a fé (ROMANOS
1.17)
Esse pilar é intrinsicamente ligado ao anterior. Era
prática da igreja exigir penitências, sacrifícios e boas obras para garantir a
salvação. Certa vez, quando Lutero lia Romanos, chamou-lhe a atenção a
afirmação: “o justo viverá por fé” (1.7). A partir daí empenhou-se por
proclamar a justificação pela fé, somente. Não há boa obra praticada pelo homem
que possa remi-lo de sua natureza pecaminosa e nem justificá-lo diante de Deus.
É a fé na graça divina que reaproxima o ser humano de seu Criador.
A
centralidade de Cristo (JOÃO
14.6)
A autoridade inquestionável dos clérigos, que vigora
naquela época, excluía de Jesus a centralidade que a Bíblia sempre lhe deu. Essas
autoridades eclesiásticas tomaram
para si o lugar de Cristo, na mediação entre o homem e Deus. A Reforma
Protestante defende, baseada em várias passagens bíblicas do Novo Testamento,
que todos têm acesso à presença do Pai e que o único intercessor de que
precisamos é o próprio Filho de Deus.
Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus
e os homens, Cristo Jesus homem... (1 TIMÓTEO 3.16)
Também afirma o sacerdócio universal de todos o
cristão, convicção de que todo crente em Cristo é um representante de Deus na
Terra (1 PEDRO 2.9).
A
autoridade das Escrituras
Havia a necessidade de um resgate urgente da
autoridade das Sagradas Escrituras. A tradição estava soterrando a sã doutrina.
A Reforma Protestante conseguiu restabelecer a Bíblia ao sue status de única
Palavra de Deus.
Os cristãos protestantes defendem, em todas as suas
ramificações denominacionais, que existe apenas uma regra de fé, as Sagradas
Escrituras. Somente a Bíblia é a verdade e a base para a revelação da vontade
de Deus ao mundo. Tudo, o mais é paralelo e não pode ser exigido de ninguém
como regra de fé.
Somente
Deus merece a glória (ROMANOS
11.36)
Os clérigos romanos exigiam de seus fiéis a honra
que é somente devida a Deus. A tradição ensinava que eles eram os únicos
representantes de Deus na Terra, portanto, deveriam ser reverenciados e nunca
questionados. A Reforma Protestante retorna o princípio de que o ser humano foi
criado para glória de Deus. Portanto, tudo o que ele faz deve glorificar ao
Criador. Somente Deus é Deus e somente Ele deve ser adorado.
Apesar de podermos considerar essas propostas como
simples, talvez até óbvias em nosso tempo, elas sacudiram toda a base de poder
na qual a igreja se auto estabelecera, tiveram profundo impacto sobre a ética e
influenciaram o progresso do conhecimento em todo o mundo. E é sobre esses
cinco pilares que se baseia a Reforma Protestante.
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