quinta-feira, 21 de setembro de 2017

A reforma protestante e o cristianismo atual

(Devocional Pão Diário)

Quando, em 31 de outubro de 1517, o monge Martinho Lutero afixou as 95 teses na porta da Catedral de Wittenberg, na Alemanha, dando início ao movimento que viria a ser conhecido como Reforma Protestante, muito provavelmente ele não fazia ideia de onde tudo aquilo chegaria. Sua intenção mais sincera era restaurar a igreja e mantê-la Uma, Santa, Católica e Apostólica.
Obviamente ele não imaginava que aquele ato, de alguma maneira, seria a causa da formação da espiritualidade ocidental. Contudo, Lutero não foi o primeiro a levantar a bandeira da necessidade de reformar a igreja. Precursores como John Wycliffe, na Inglaterra, e John Huss, conhecido como o reformador da Boemia, pagaram  preço de perseguição e martírio (no caso de Huss) por se insurgir em prol da sã doutrina. Na realidade, embora as teses de Lutero tenham sido um marco inicial para a restauração da sã doutrina bíblica, muito ainda deveria ser feito.
Nos anos seguintes à Reforma Protestante na Alemanha, esse movimento foi se espalhando pela Europa e ganhando novos contornos. Na Suíça, Ulrico Zuínglio escreveu os 67 Artigos em que defendia a salvação pela graça, a autoridade da Bíblia e o sacerdócio dos fiéis, entre outros princípios. Esse movimento foi o gerador das igreja reformadas.
O francês João Calvino converteu-se em 1533 e tornou-se alvo de perseguição. E, 1536, publicou as Institutas (sua obra literária mais conhecida) em Basileia. Esta obra é considerada referência para o sistema de doutrinas adotado pelas igrejas reformadas. Também é fundamento sobre o qual encontra-se o Calvinismo (...) O movimento reformista formulou, a partir dos textos bíblicos, alguns pontos-chaves, que seriam norteadores da fé. Vejamos a profunda simplicidade dessa proposta.

A salvação pela (EÉSIOS 2.8)
A prática da venda das indulgências (perdão de penas temporais pelos pecados) e a compra da salvação em troca de esmolas havia se tornado algo comum. A Reforma Protestante vem, então, afirmar que tudo isso é desnecessário e que a salvação não pode ser comprada, mas procede da graça de Deus para com o pecador que se volta para a cruz de Jesus. É somente na graça que emana do sacrifício de Cristo que o homem pode alcançar salvação.

A justificação mediante a fé (ROMANOS 1.17)
Esse pilar é intrinsicamente ligado ao anterior. Era prática da igreja exigir penitências, sacrifícios e boas obras para garantir a salvação. Certa vez, quando Lutero lia Romanos, chamou-lhe a atenção a afirmação: “o justo viverá por fé” (1.7). A partir daí empenhou-se por proclamar a justificação pela fé, somente. Não há boa obra praticada pelo homem que possa remi-lo de sua natureza pecaminosa e nem justificá-lo diante de Deus. É a fé na graça divina que reaproxima o ser humano de seu Criador.

A centralidade de Cristo (JOÃO 14.6)
A autoridade inquestionável dos clérigos, que vigora naquela época, excluía de Jesus a centralidade que a Bíblia sempre lhe deu. Essas autoridades eclesiásticas tomaram para si o lugar de Cristo, na mediação entre o homem e Deus. A Reforma Protestante defende, baseada em várias passagens bíblicas do Novo Testamento, que todos têm acesso à presença do Pai e que o único intercessor de que precisamos é o próprio Filho de Deus.
Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus homem... (1 TIMÓTEO 3.16)
Também afirma o sacerdócio universal de todos o cristão, convicção de que todo crente em Cristo é um representante de Deus na Terra (1 PEDRO 2.9).

A autoridade das Escrituras
Havia a necessidade de um resgate urgente da autoridade das Sagradas Escrituras. A tradição estava soterrando a sã doutrina. A Reforma Protestante conseguiu restabelecer a Bíblia ao sue status de única Palavra de Deus.
Os cristãos protestantes defendem, em todas as suas ramificações denominacionais, que existe apenas uma regra de fé, as Sagradas Escrituras. Somente a Bíblia é a verdade e a base para a revelação da vontade de Deus ao mundo. Tudo, o mais é paralelo e não pode ser exigido de ninguém como regra de fé.

Somente Deus merece a glória (ROMANOS 11.36)
Os clérigos romanos exigiam de seus fiéis a honra que é somente devida a Deus. A tradição ensinava que eles eram os únicos representantes de Deus na Terra, portanto, deveriam ser reverenciados e nunca questionados. A Reforma Protestante retorna o princípio de que o ser humano foi criado para glória de Deus. Portanto, tudo o que ele faz deve glorificar ao Criador. Somente Deus é Deus e somente Ele deve ser adorado.

Apesar de podermos considerar essas propostas como simples, talvez até óbvias em nosso tempo, elas sacudiram toda a base de poder na qual a igreja se auto estabelecera, tiveram profundo impacto sobre a ética e influenciaram o progresso do conhecimento em todo o mundo. E é sobre esses cinco pilares que se baseia a Reforma Protestante.

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