Jesus o Libertador
O ensino do verso
13 é maravilhoso, pois ele refere-se à grande mudança de condição que os servos
de Deus foram submetidos. É um ensino simples, mas ao mesmo tempo um ensino que
nos apresenta todo o peso teológico da ação libertadora de Deus realizada em
favor dos seus escolhidos. Paulo afirma que “Ele [Deus] nos libertou
do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu
amor”. Poderíamos discorrer
vastamente sobre diversos fatores presentes nesta ação de Deus, entretanto nesse
momento mencionaremos apenas que:
1.
Deus nos libertou
do império das trevas por sua livre e espontânea vontade.
2.
Deus nos libertou do império das trevas por
causa seu amor extraordinário.
3.
Deus nos libertou do império das trevas sem
que houvesse nenhum merecimento da nossa parte.
O “império das trevas” não deve ser identificado
como sendo uma região geográfica, mas sim como a condição de escravos do pecado
em que todos estávamos antes de sermos rendidos a Jesus. Isso fica mais claro
ao observarmos que a palavra evxousi,aj traduzida como “império” pela versão bíblica revista e atualizada significa
“autoridade, poder”. E a palavra trevas é usada
várias vezes na Bíblia para se referir ao pecado, ao mal e ao erro (At 26:18; Rm 13:12; 1 Co 4:5; Ef 5:11; 1 Ts 5:5). Fica claro então que verso 13 nos ensina que fomos
retirados de debaixo do poder do pecado, no sentido que não somos mais escravos
dele (Rm 6.6 e 18). E quando Paulo diz que fomos transportados para o “reino
do Filho do seu amor” ou reino do
Filho amado sem dúvida alguma ele esta se referindo ao reino de Cristo Jesus.
Estamos no reino de Cristo no sentido de que agora – livres do poder do pecado,
fomos despertados para amamos a Jesus, para confessarmos e vivermos para ele.
Agora ele é o nosso rei, nosso Senhor e Salvador. E por isso, gozamos
parcialmente das maravilhas do reino de Jesus.
O apóstolo Paulo prossegue dizendo: “no qual temos a redenção, a remissão dos pecados”. O
termo “redenção” indica uma libertação
adquirida mediante o pagamento de um resgate. Isso nos faz lembrar que
estávamos realmente cativos sob o poder do pecado, mas Cristo pagou o preço da
nossa libertação. Outro fator para o qual o apóstolo Paulo nos chama a atenção
é concernente ao fato de que em Cristo temos o perdão dos nossos pecados ou
conforme as próprias palavras de Paulo temos a “remissão de pecados”. Este
ensino está em acordo com toda a Palavra de Deus, contudo achamos por bem citar
as palavras de João Batista que ao ver Jesus declarou: “Eis o cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo” (Jo 1.27)
A partir do verso 15
observamos o apóstolo Paulo ensinando que Cristo é:
·
A imagem do Deus invisível (v15) → Jesus é a manifestação perfeita do Pai! (Jo 14.9; Cl
2.9)
· O primogênito de toda a criação (v15) → Não significa que ele foi o primeiro ser criado, mas
sim que ele é Senhor sobre toda a criação! Aquele a quem pertencem o direito
e a dignidade do primogênito em relação a toda criatura.
·
Aquele por meio de quem e para
quem todas as coisas foram criadas (v16) → Neste ponto o apóstolo Paulo faz um jogo com as palavras
em que ele fala das coisas criadas nos céus como sendo as coisas invisíveis
tais como os anjos, e fala também das coisas criadas na terra tais como as
coisas invisíveis.
· Aquele que é antes de todas as coisas (v17) ou conforme (v18) que tem a
primazia sobre todas as coisas → Este é um ensino básico
sobre Jesus, ele é o filho de Deus, é o Salvador, é eterno! Nunca houve um
tempo que Jesus não era, ele sempre foi, sempre existiu por isso é também
aquele que deve ocupar o primeiro lugar nas nossas vidas! Ele tem a primazia,
tem a prioridade e não aceita menos do que isso. João Batista entendeu isso
perfeitamente quando afirmou sobre Jesus: “É este a favor de quem eu
disse: após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de
mim.” João 1:30
· Aquele em quem tudo subsiste → Tudo o que foi criado não apenas foi criado por
intermédio de Cristo, mas é também sustentado por ele.
·
Aquele que é o cabeça da igreja → É Cristo quem governa, dirige e instrui a igreja. É ele
quem determina para a igreja o que é certo e o que não é.
·
Aquele que é o princípio, o primogênito dentre os mortos → É verdade que outras pessoas ressuscitaram antes de
Jesus, porém também é verdade que todos estes voltaram a morte. Isso não
aconteceu com Cristo! Ele venceu a morte, ressuscitou com um corpo
“transformado” e subiu aos céus! Ele não voltou a morrer e isso faz da sua
ressurreição a base, bem como a certeza da nossa futura ressurreição.
·
Aquele que fez a paz pelo sangue da
sua cruz → A condição do homem sem Cristo é de inimigo de Deus, ele
é chamado de “filho da ira” (Ef 2.3), contudo, aqueles que reconhecem Jesus
Cristo como seu Senhor e Salvador são perdoados por Deus. Isso acontece somente
porque Jesus morreu na cruz, pelo seus sangue ele fez a paz com Deus para todos
os que o amam e o confessam. Vale lembrar o que Paulo afirmou em Romanos 5.1 “Justificados,
pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;”
·
Aquele que reconciliou consigo mesmo
todas as coisas → Esta afirmação,
pode a primeira vista, parecer sustentar a ideia da salvação universal, contudo
todo o ensino das Escrituras é contrario a esta ideia, então entendemos que a
interpretação mais correta para a afirmação em voga é aquela que entende o
termo “reconciliar” de uma forma mais ampla, ou seja, no sentido de que todas as coisas serão submetidas completamente
ao governo de Cristo.[2]
No verso 21 e 22 o apóstolo
Paulo continua falando da obra de reconciliação realizada por Jesus ao
mencionar a condição passada dos irmãos colossenses a condição atual deles, bem
como a condição futura.
No verso 23 Paulo adverte aos irmãos de Colossos que
o que ele mencionou nos versos 21 e 22 esta ligado à perseverança, sendo assim
era necessário que eles permanecessem na fé, alicerçados e firmes sem se
deixarem afastar da esperança do evangelho que eles haviam ouvido e do qual
Paulo havia se tornado ministro. O evangelho que Paulo havia se tornado
ministro é baseado nas seguintes proposições:
1.
Todos pecaram e
carecem da glória de Deus (Rm 3.23)
2.
A ira de Deus se
revela do céu contra toda a impiedade e perversão dos homens (Rm 1.18)
3.
O evangelho que
ele (Paulo) próprio havia se tornado ministro.
4.
Nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1)
5.
Todos os que são
guiados pelo Espírito são filhos de Deus (Rm 8.14)
6.
Os sofrimentos do
presente não se comparam com a gloria que há de ser revelada em nós (Rm 5.1)
CONCLUSÃO
Podemos
concluir este estudo ressaltando que:
· Deus é nos libertou do poder do pecado e
nos transportou para o reino de seu Filho amado.
· Cristo tem a primazia sobre tudo o que
existe pois tudo o que existe, somente existe por meio dele e para ele. Além
disso foi ele que nos reconciliou consigo mesmo de modo que agora temos paz com
Deus e seremos um dia completamente irrepreensíveis.
· É importante perseverarmos no evangelho do
qual Paulo se tornou ministro, pois este é o evangelho da esperança, é o
evangelho verdadeiro!
[1] Estudo Bíblico baseado
especialmente em: HENDRIKSEN, William.
Comentário do NT – 1 e 2 Tessalonissences, Colossences e Filemon. São
Paulo: Cultura Cristã, 2007
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